Escrever sobre o Uganda será sempre difícil porque não há palavras para descrever tamanha aventura!
A viagem começou no dia 21 de agosto de 2018 e de uma forma muito atribulada até me encontrar com um grupo de pessoas fantástico associado ao mundo Davita e que ainda, hoje, mantemos comunicação. Tivemos oportunidade de conhecer cinco províncias no Uganda com um trabalho humanitário de excelência desenvolvido em campo.
A nossa missão nestes locais relacionava-se com rastreios associados à prevenção da doença renal e educação alimentar, algo que se tornou tão difícil com os fracos recursos existentes. Falar de alimentação em locais como este, onde a água potável não está acessível a todos e o conceito de refeição é tão abstrato, faz-nos repensar o nosso modo de vida e a forma como encaramos o conceito de qualidade de vida.
Vimos cenários de fome a atravessar todas as faixas etárias, sendo talvez o que mais me chocou. Esta falta de recursos não os limita na forma como encaram a vida, sempre com um sorriso. Passavam horas em filas extensas só para conversar com a nossa equipa clínica, sem uma queixa, só à espera de apoio.
Nem a barreira linguística os afastava! Foram rastreios carregados de animação, emoção, conversa e partilha. Num desses rastreios, um senhor, que no dia em que conversámos fazia 100 anos, disse-me uma frase que nunca mais esquecerei: “A senhora e os seus amigos vieram ao Mundo para ajudar as pessoas, são almas boas, por favor continue essa missão durante toda a sua vida!”
Ao longo destes 15 dias consegui desenvolver um trabalho do qual me orgulhei, mas que também mexeu muito comigo, com um sentimento de impotência por não poder ajudar mais.
Agradeço muito à Davita e ao projeto Bridge of Life por esta espetacular experiência. Sem dúvida que me marcou muito! Nunca esquecerei os cheiros, as pessoas com quem trabalhei, as crianças e a pobreza a que assisti.
A maior mensagem que absorvi naqueles dias foi que tinha de valorizar tudo o que tinha à minha volta, não só os bens materiais, mas as pessoas e os sentimentos que por elas nutrimos. A vida é sem dúvida muito curta e só temos de a encarar como a maior dádiva deste mundo!